Porque ser contra o carro elétrico se não há álcool para todos?
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Evaldo Costa |
No Brasil, infelizmente, o carro elétrico não tem conquistado a simpatia das autoridades, restando aos organismos não governamentais e iniciativa privada agirem para manter o assunto em pauta. Apesar do silêncio, todos sabemos que o cenário mudará do dia para a noite, assim que houver interesse público pelo tema.
A população brasileira deve estar se perguntando: até que ponto é prudente silenciarmos sobre o carro elétrico se não há álcool para todos? Porque não adotar o carro elétrico se ele ajudará a reduzir a poluição do ar? Porque não adotá-lo se quase não aumentará a demanda por eletricidade, já que poderá ser carregado com a energia que é desperdiçada durante a madrugada? Porque não adotar uma idéia que gerará milhares de empregos e divisas aos brasileiros? Porque não aderir uma tendência mundial se está comprovado que será melhor para a maioria?
Essas são algumas, dentre tantas outras questões, que a sociedade brasileira precisa refletir e ajudar a encontrar soluções. O que não se deve mesmo é silenciar ao constatar, por exemplo, que o preço do álcool vem subindo (aumentou 3,2% sobre junho) atingindo R$2,21, na média, nos postos do Rio de Janeiro. Dados da UNICA – União da Indústria da Cana-de–Açúcar, divulgados na mídia na última semana, revelam que haverá queda de 11,19% na produção de etanol em função da queda desta safra, se comparada com a do ano anterior.
Sabemos que a produção de carros no Brasil é predominantemente flex, (dados da ANFAVEA revelam que em torno de 85% de todos os carros licenciados em 2010 e metade de 2011, foram flex) e que o aumento do preço do álcool na bomba fará o consumidor optar pela gasolina, aumentando a demanda por combustível fóssil e, portanto, forçando reajuste de preço com enorme potencial para acarretar aumento da inflação, que já está extrapolando a meta do ano.
Sem muitas alternativas, o governo poderá reduzir o percentual de mistura do álcool anidro na gasolina (atualmente 25%) e, mesmo assim, provavelmente terá que recorrer à importação do etanol para garantir o abastecimento nos postos de combustíveis. Que o carro elétrico ajudará a equilibrar a demanda por combustível isso parece claro, o que não é fácil entender é a razão do pouco interesse das autoridades sobre o assunto, mesmo diante de tanta obviedade.
Diante de tudo isso, é bom ficar claro que depois de décadas de esforço hercúleo para combater a perda do poder aquisitivo, a última coisa que o brasileiro vai admitir é a inflação sentada à sua mesa. Além disso, que ninguém duvide, acompanhando pari-passu ou não as questões nacionais, pagaremos a conta de qualquer forma, seja como consumidor ou contribuinte.
Pense nisso e ótima semana,
Evaldo Costa Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
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Fonte: Cross Brasil
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