Trabant elétrico combina passado comunista com a emoção do silêncio
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e-Trabant: Empresa de energia está repaginando esse carro pequeno e valente |
Uma empresa de energia está repaginando esse carro pequeno e valente fabricado para o proletariado do Leste comunista para ganhar um motor elétrico, dando ao veículo um alcance livre de emissões quase equivalente ao do i3 elétrico, modelo de alta tecnologia da BMW AG.
A firma de tecnologia ReeVOLT diz ter criado o e-Trabant para mostrar as vantagens ambientais de remodelar veículos existentes com motores elétricos. A unidade da empresa de energia WEMAG AG também vende versões elétricas de veículos como Fiat 500 e Ford Ka. Dirigir o Trabi elétrico, de 38 cavalos de potência, sem direção hidráulica e com freios fracos, é mais ou menos como levar um carrinho de bate-bate para a estrada e pisar no acelerador.
“Ele é muito mais silencioso do que meu velho Trabi”, disse Helmut Lettow, de 61 anos, morador de Bremerhaven, enquanto lutava com o carro, que rangia ao trafegar pela estrada rumo ao norte de Binz, cidade localizada na ilha alemã de Rügen, no Mar Báltico. “Ele acelera muito mais rapidamente”.
Lettow comprou um Trabant em 1973, quando era adolescente e morava no lado ocidental. A Alemanha Oriental exportava uma parte dos 3,1 milhões de Trabis que produzia para conseguir dinheiro forte e vendia o carro por menos da metade do que a Volkswagen AG cobrava na época pelo Fusca.
Mais de 40 anos depois, Lettow pagou 29 euros (US$ 32) para dirigir a versão elétrica em um passeio nostálgico de duas horas e meia. A agência de turismo de Rügen, que iniciou o programa em abril em parceria com a ReeVOLT, pintou seus e-Trabis de laranja brilhante e colocou adesivos nas laterais.
Vídeo do U2
O carro ficou famoso no Ocidente após a queda do Muro de Berlim, quando os alemães do leste bloquearam as estradas. O grupo de rock U2 filmou uma versão de videoclipe para a canção “One” com um Trabant depois de se apaixonar pelo carro enquanto gravava o álbum “Achtung Baby” em Berlim. Seu estilo clássico -- faróis redondos, uma grade dianteira sorridente e uma carroceria pequena e encantadora -- ajudou a transformá-lo em item de colecionador.
Em seu auge, o Trabant enchia as ruas de países comunistas como Polônia, Hungria e a antiga Checoslováquia. Produzido com acabamento de resina e estopa, o veículo custava o equivalente ao salário anual de um trabalhador médio e as pessoas muitas vezes esperavam mais de uma década para conseguir um.
Um e-Trabi custa cerca de 15.000 euros -- 12.000 euros pelo kit ReeVOLT, 2.000 euros por um Trabant e 1.000 euros pelo serviço --, cerca de metade do preço de um BMW i3, segundo Andre Schmidt, porta-voz da ReeVOLT.
É claro que o Trabi não se conecta com o telefone do motorista, nem o avisa quando se aproxima demais dos veículos em volta. Contudo, o carro possui um alcance de 130 quilômetros, comparável com os 160 quilômetros do BMW, e pode ser carregado em cerca de 5 horas e meia por meio de uma tomada doméstica.
Freios fracos
A velocidade máxima é de 110 quilômetros por hora, segundo Schmidt. Isso serve para dar aos freios lentos uma chance de serem acionados a tempo de fazerem frente à aceleração imediata do motor elétrico. “Ele arranca como um foguete”, disse ele. “Seria possível construir um Trabant feito realmente para correr, mas é claro que nós queríamos que ele fosse um veículo mais razoável”.
Colocando a nostalgia de lado, Lettow não tem certeza se realmente compraria um e-Trabi para ele. O seguro é muito mais caro agora do que quando ele dirigia dois carros e uma motocicleta na região nordeste da Alemanha, aos 19 anos.
“Era apenas uma ideia que eu tinha quando era jovem”, disse ele. “Era um pouco tola”.
Fonte: InfoMoney
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